Reforma Tributária inaugura um novo cenário de desafios e oportunidades para micro e pequenas empresas (PMEs).
Embora o Simples Nacional tenha sido mantido, o modelo de arrecadação e as relações entre contabilidade, contratos e tributos passarão por transformações importantes.
A partir de 2026, as empresas optantes pelo Simples precisarão escolher entre dois modelos de recolhimento: o “por dentro” e o “por fora” do novo sistema de CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).
Essa decisão, que vai além do aspecto fiscal, influenciará diretamente a estrutura jurídica, financeira e estratégica das PMEs.
O que significa optar “por dentro” ou “por fora” do Simples Nacional
1. Modelo “por dentro”
Nesse formato, o Simples continuará operando como hoje: um único pagamento via DAS, sem geração de crédito de IBS/CBS para os clientes.
Ideal para empresas B2C (varejo e serviços ao consumidor final), que valorizam simplicidade, menos burocracia e fluxo de caixa ágil.
2. Modelo “por fora”
Permite que as empresas do Simples apurem IBS e CBS separadamente, possibilitando que os clientes — especialmente empresas B2B — aproveitem créditos tributários.
Traz mais competitividade, mas exige gestão fiscal avançada e novas obrigações acessórias.
Quando e como será feita a escolha
De acordo com discussões no Ministério da Fazenda, a escolha entre os modelos será realizada duas vezes ao ano — em abril e setembro — com validade para os semestres seguintes.
Essa decisão exigirá planejamento tributário, análise de margens e simulação de cenários, tornando essencial o apoio do contador.
O papel estratégico do contador na Reforma Tributária
Mais do que apurar impostos, o contador assume um papel consultivo e estratégico, orientando o empresário sobre:
Qual modelo tributário é mais vantajoso (por dentro ou por fora);
O impacto financeiro e contratual da decisão;
Os riscos e oportunidades gerados pela mudança.
Com isso, o contador se torna um agente de planejamento empresarial, ajudando o cliente a alinhar tributos, fluxo de caixa e contratos de forma inteligente.
Os reflexos jurídicos da decisão tributária
A decisão entre os modelos também traz impactos jurídicos relevantes, exigindo revisões contratuais com clientes e fornecedores para definir:
Responsabilidades pelo repasse de tributos;
Critérios de reajuste de preços;
Procedimentos em caso de mudança de regime durante o contrato.
Sem cláusulas claras, há risco de conflitos comerciais e passivos fiscais.
Empresas que escolherem o modelo “por fora” devem revisar acordos societários e contratos de prestação de serviços para garantir compliance e segurança jurídica.
Contador e advogado: parceria essencial para as PMEs
A Reforma Tributária reforça a integração entre os profissionais contábeis e jurídicos.
Enquanto o contador faz as simulações e análises financeiras, o advogado assegura segurança jurídica e revisão contratual.
Essa colaboração dá origem a um novo perfil de serviço: o contador consultivo aliado ao jurídico preventivo, que transforma as exigências da Reforma em vantagem competitiva para o cliente.
Conclusão: o Simples Nacional ficou mais estratégico
O Simples Nacional não acabou — mas ficou mais sofisticado e desafiador.
As PMEs precisarão equilibrar simplicidade e competitividade, escolhendo o modelo mais vantajoso conforme seu público e operação.
Planejar com antecedência, revisar contratos e contar com assessoria contábil e jurídica integrada serão diferenciais decisivos para empresas que querem crescer com segurança nesse novo cenário tributário.
Fonte: Contábeis — “Reforma Tributária: Simples Nacional ganha complexidade em 2026”